Bióloga, fotógrafa, etnógrafa e Jovem Exploradora da National Geographic Society (NGS), a norte-americana Gemina Garland-Lewis dedicou-se à investigação da percepção sobre a baleação e os cetáceos em sete países diferentes. Durante o ano de 2012, a sua investigação levou-a aos Açores, num projecto financiado pela NGS.

Texto de Gonçalo Pereira Publicado em janeiro de 2013

Gemina

“Há quatro anos, escutei um homem de 77 anos, chamado José Luís Garcia”, conta. “Ele reflectia sobre o tempo que passara na caça à baleia e descrevia-o como o melhor da sua vida. Fiquei cativada pelas histórias e pelas lágrimas que ele derramava pela sua actividade.” Dessa conversa inicial e da constatação de que homens como Garcia tinham idades avançadas e forneciam uma janela limitada de acesso ao passado, nasceu o ímpeto para um projecto de preservação da memória oral dos baleeiros açorianos.

Do ponto de vista etnográfico, concentram-se nos Açores duas especificidades: por um lado, a moratória que travou a caça à baleia foi imposta em 1984, o que significa que muitos dos intérpretes desta actividade ainda estão vivos e têm histórias para contar; por outro lado, nos Açores, a actividade manteve sempre um forte pendor tradicional, “o que a aproxima da indústria mais facilmente associável ao século XIX do que aos anos 1980”, diz Gemina.

Durante seis semanas, a investigadora entrevistou 30 homens e duas mulheres ligados à baleação das ilhas do Faial, Pico e São Jorge. A sua idade variou entre os 58 e os 96 anos.

Símbolo de prestígio social, de alguma prosperidade e de aventura, a caça à baleia terminou em 1984, mas manteve-se presente nos sonhos de muitos destes homens. Um deles confidenciou a Gemina Garland-Lewis que “voltaria neste mesmo instante a subir para um baleeiro se pudesse”. Outros reconheceram a evolução cultural da maneira como os cetáceos são agora vistos e protegidos. Espreite as histórias, o relatório e as fotografias da autora aqui.

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