Fátima Cunha, professora do 1.º CEB do Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar, em Lisboa, procurava inspirar os seus alunos das Ciências Experimentais a encontrarem no próprio bairro factores de identidade e orgulho.
Texto e Fotografia Alexandre Vaz Ilustrações Isaque Fonseca, Sirinela Afonso, André Gomes, Zacarias Dabó Fati e Inês Bastos
Na companhia da professora Fátima Cunha, os alunos Ricardo, Milena, Lovejit, Marta, Júlia, Rodrigo, Tiago e Daniel exibem a sua própria interpretação do vertebrado marinho correspondente ao fóssil encontrado na freguesia da Ameixoeira. Na mão, seguram também alguns fósseis.
Através do projecto Tesouros da Ameixoeira e do programa educativo Rocha Amiga, coordenado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, os alunos foram alertados para a riqueza geológica do seu território e para o facto de, entre as colinas e barrancos que lhes são familiares, existirem marcas concretas da passagem do tempo, incluindo rios, praias e lagunas há muito desaparecidos. “O registo fóssil permite estabelecer relações insuspeitas com alguns dos territórios de origem destes alunos, como a Guiné, o Brasil ou Moçambique”, explica o geólogo Mário Cachão. Deste encontro de vontades, realizaram-se várias saídas de campo dos alunos da escola, que se aventuram pelo território da freguesia. Em 2012, contribuíram mesmo para a descoberta de fósseis de vertebrados marinhos (os Sirenia), antepassados directos do dugongo, que nadaram aqui no Miocénico quando o território era uma baía marinha pouco profunda. “O desenvolvimento pedagógico e sócio-cultural desta descoberta, através da lenda da Sereia da Ameixoeira, tem tido enorme repercussão junto das comunidades locais e das próprias crianças”, diz Cachão.