Situada na costa ocidental africana, a ilha de La Palma, nas Canárias, é um dos três locais do planeta onde o céu nocturno ainda consegue preservar a profundidade, transparência e nitidez da esfera celeste que um dia esteve ao alcance dos povos ancestrais. 

Texto e Fotografia Miguel Claro

Na ilha de La Palma, existe a maior concentração de telescópios do hemisfério norte, graças à cooperação de vários países europeus. Prevê-se que, em 2017, esteja aqui instalado um gigantesco telescópio, que supere largamente os diâmetros já instalados.

Com o intuito de proteger a região da vasta poluição luminosa que afecta o céu dos grandes centros urbanos, o governo espanhol, através do Instituto de Astrofísica das Canárias, criou em 1988 a “Sky Law”, uma lei para proteger e garantir a qualidade do céu acima do Observatório de Roque de Los Muchachos. 

Panorâmica do Observatório Roque de Los Muchachos, nas Canárias.

Ao largo da cratera Caldera de Taburiente e a mais de 2.400 metros de altitude, o observatório sustenta 16 telescópios de diferentes nações, que estudam o Universo nas mais variadas vertentes, desde a luz visível ao infravermelho, ao ultravioleta e aos raios gama. É ao largo desta região vulcânica que se encontram alguns dos maiores telescópios profissionais do mundo, como o Gran Telescopio Canarias, com um espelho de 10,4 metros, que consegue captar mais luz do que quatro milhões de olhos humanos. Ali existem também os telescópios de raios gama MAGIC, com um espelho de 17,4 metros, e o William Herschel, de 4,2 metros, um dos instrumentos de observação mais bem-sucedidos da história, tendo já dado origem a cerca de 1.500 artigos científicos e permitido mais de um milhão de exposições. 

Em Portugal, embora não exista legislação, foi criada a primeira reserva certificada pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo – a Dark Sky Alqueva – que atesta as características únicas do céu na região do Alqueva. Mapa: NGM. Arte: Projecto Palniassa. Fonte: Rui Castanhinha et al, Plos One, Dezembro de 2013.

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