Um microscópio equipado com uma câmara e muita paciência ajudam a expor a faceta deslumbrante de elementos químicos banais.
Texto: Nina Strochlic
Fotografias: Peter Woitschikowski
O que vê nestas imagens? Uma selva cheia de palmeiras? Penas de aves vibrantes? Quando fazem o teste de Rorschach da microfotografia de Peter Woitschikowski, os observadores tendem a compará-la com frequência às formas do mundo natural. O projecto do fotógrafo requer capacidade de abstracção para que se possa ver algo completamente novo. “Tenho esperança de reactivar a fantasia”, diz.






Na década de 1980, Peter, que vive na Alemanha, comprou um microscópio depois de ver uma fotografia de microcristais numa revista. Decidiu a partir de então revelar este mundo maravilhoso invisível a olho nu. As formas surgem em lamelas de laboratório através do aquecimento de químicos como o paracetamol (em cima) ou misturando-os com água ou álcool. Quando as substâncias arrefecem ou secam, os cristais aparecem. Iluminados por luz polarizada, parecem saltar num bailado de formas e cor. O processo é tão delicado que a mais pequena vibração pode arruiná-lo. É por isso que Peter comanda à distância o obturador e fotografa de noite, quando o trânsito na rua do estúdio já acalmou. “É uma bela experiência”, diz. “Quando começo, nunca sei o que verei.”
Para captar os microcristais, Peter Woitschikowski monta a câmara num microscópio e dispara o obturador por computador.