As antas alentejanas orientam-se sistematicamente para leste, de acordo com a investigação do britânico Michael Hoskin, da Universidade de Cambridge.
A anta da Aldeia da Mata (Crato), exemplificando a orientação da entrada face à posição do Sol nascente.
Há quase 20 anos que Hoskin percorre a Europa Ocidental medindo as orientações de túmulos e templos pré-históricos, registando para onde está voltada a sua entrada e, caso exista, a orientação do seu corredor.
Os três mil monumentos estudados permitiram-lhe concluir que não só as orientações não são aleatórias como, para a maior parte dos casos, dificilmente se podem explicar sem recorrer a fenómenos astronómicos.
Clive Ruggles, o primeiro catedrático de arqueoastronomia no mundo, defende que no Alentejo se encontra um dos maiores conjuntos destes monumentos funerários neolíticos “com uma tendência clara: há 177 monumentos medidos e todos apontam para os limites de onde o Sol nasce.” Há assim provas incontroversas de que os monumentos foram orientados sistematicamente para Nascente.
Estes resultados já tinham sido intuídos por Leite de Vasconcelos na sua “Religiões da Lusitânia”, de 1897. “Notei que as entradas [dos dólmenes] estavam muitíssimas vezes voltadas para Nascente: o que parece depor a favor de tal ou qual veneração pelo Sol.” Alguns arqueólogos defendem que os menires ostentam representações solares, prova do interesse do homem neolítico pelo astro-rei.
O menir da Bulhoa, próximo de Monsaraz, terá inscrita uma representação do Sol.