Nos últimos vinte anos, o conhecimento sobre a ocorrência de dinossauros em Portugal aumentou exponencialmente. A identificação de trilhos tem sido uma das ferramentas mais úteis neste processo, a par da descoberta de novos esqueletos fósseis.

Os primeiros trilhos de dinossauros descobertos na bacia sudoeste do Algarve, particularmente nas praias da Santa e da Salema, foram descritos num artigo recente pelos paleontólogos Vanda Santos, Pedro Callapez e Nuno Rodrigues, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência e do Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra. Identificados desde a década de 1990 por vários observadores, e inicialmente anunciados pelo guia de natureza Sebastião Pernes e por Carlos Coke, da Universidade de Trás-os-Mon-tes e Alto Douro, os achados foram significativos porque constituíram a primeira prova certificada no território português de pegadas de dinossauros bípedes herbívoros semelhantes a Iguanodon, Delapparentia ou a um género ainda por identificar. “A existência de vários níveis com pegadas destes ornitópodes ao longo da sequência sedimentar sugere que este grupo de dinossauros estava bem representado na Península Ibérica no Cretácico Inferior”, diz Vanda Santos. 

Apesar do desgaste produzido pela erosão, a análise dos trilhos permitiu identificar os dinossauros que aqui passaram e inferir sobre a sua velocidade de marcha (3,1 a 4,4 quilómetros por hora).

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