O Empire State Building, um adorado marco da cidade de Nova Iorque que deteve o recorde de edifício mais alto do mundo durante quase 40 anos, costuma estar iluminado com tons garridos em dias de festa ou feriados. Na Primavera de 2020, os operadores do edifício de 443 metros de altura decidiram iluminá-lo a vermelho e branco para prestar homenagem ao trabalho e ao sacrifício de médicos e enfermeiros.
Texto: Daniel Stone
Fotografias: Stephen Wilkes
Nova Iorque já passou por crises anteriores, mas o combate à pandemia da COVID-19 quase imobilizou a cidade na Primavera de 2020. Fotografias captadas de helicóptero demonstram com clareza como os nova-iorquinos permaneceram em casa na esperança de travarem a propagação da COVID-19.
Stephen Wilkes é fotógrafo e artista plástico. No essencial, porém, é um nova-iorquino. Nasceu na cidade e a maior parte da sua vida desenrolou-se nestas ruas e avenidas. Essa identidade aumentou a sua dor na passada Primavera, quando Nova Iorque conquistou a pouco invejável distinção de ser um ponto quente mundial e o epicentro norte-americano da pandemia da COVID-19. A “cidade que nunca dorme” adormeceu finalmente – durante semanas e, depois, durante meses.





Quando a cidade iniciou o confinamento, em finais de Março, Stephen pediu uma licença para sobrevoar o protegido centro nevrálgico do comércio e da cultura dos EUA. O seu pedido foi aprovado e o fotógrafo, juntamente com o seu amigo de longa data, o piloto Al Cerullo, embarcaram num helicóptero e voaram bem alto, acima das avenidas e das paragens do metropolitano. Do alto, vislumbraram um hospital de campanha montado no Central Park, encontraram algumas pessoas a usufruírem do sol nos telhados e avistaram residentes a passearem os cães.
Acima de tudo, porém, o que viram foi uma cidade parada: nada se movia. Ruas vazias, túneis vazios, Bryant Park sem a típica multidão que ali se reúne à hora de almoço e a ausência de trabalhadores a circular em redor do Empire State Building. “Nova Iorque é como um rio, sempre a correr, com energia e movimento”, diz Stephen. “Ver Nova Iorque vazia não faz sentido.”
A cidade recuperará, como já recuperou antes. E, quando isso acontecer, Stephen espera que volte a ser tão vibrante como sempre. Os nova-iorquinos andarão provavelmente a rebentar, de tanta energia acumulada. Mas, tal como aconteceu depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, também estarão a sofrer.
Enquanto sobrevoava Times Square (que todos os anos recebe mais de 50 milhões de visitantes e é o local de uma das maiores festas de Ano Novo do mundo), Stephen viu um ecrã a piscar, mostrando uma mensagem subscrita universalmente: “Obrigado a todos os que estão a lutar pelas nossas vidas.”