O que publicávamos há 20 anos
Se há um tema que apaixona sempre a nossa redacção e os nossos eleitores é o AntigoEgipto. Em Outubro de 2002, a capa da nossa edição brincava com a notícia de crimes e intrigas desvendados quatro mil anos depois graças ao estudo de uma necrópole em Sakara. Os egípcios antigos investiam muito em preservar a sua imortalidade e o pormenor com que no século XXI conseguimos intuir como viviam é a prova de que foram bem-sucedidos.
Nesta edição, fazíamos também um balanço dos 30 anos do Programa de Património Mundial da UNESCO que até então tinha classificado 730 lugares no planeta e 12 em Portugal.
No limbo entre a Ásia e a Europa e a antiguidade e a modernidade, Istambul foi sempre um lugar sensível e instável que Alex Webb fotografava magistralmente nesta edição. A reportagem assinada por Rick Gore aludia a uma instabilidade bem diferente. Sob o mar de Mármara uma falha geológica activa prometia fazer abanar a enorme metrópole mal preparada para o risco.
Mais para leste, a Rússia, que acolhe um quarto das florestas mundiais, confiava na mais antiga força aerotransportada para combater incêndios em 11 fusos horários. A eficácia destes bombeiros devia-se então mais à sua bravura e estoicidade do que à sofisticação dos dispositivos de combate.
Nos nossos antípodas, Frans Lanting, o mítico fotógrafo de natureza e vida selvagem, apelidou o maior Parque Nacional da Nova Zelândia de Terra Média de Tokien. Ali encontrou um ambiente e uma exuberância natural mágicos, embora detectasse perigos. Hoje, sabemos que algumas das suas espécies mais icónicas já estão irremediavelmente perdidas.
Em Portugal, acompanhámos um biólogo que estudava as víboras do Gerês, noticiámos o aumento de flamingos no estuário do Tejo e documentámos o percurso do arquitecto paisagista visionário Gonçalo Ribeiro Teles, que deixou não apenas magníficos parques e jardins onde nos podemos deleitar mas sobretudo um pensamento ousado e à frente do seu tempo sobre a forma como as cidades e a natureza têm de se articular.
