Revisitar o Passado é muitas vezes um exercício de pura nostalgia e o filtro do tempo tende a ser benévolo e a cristalizar uma imagem romantizada daquele período, mas esse não é o caso da nossa edição de Novembro de 2002. Logo na capa uma fotografia forte de Lynn Johnson dava o mote para uma perturbadora reportagem sobre os riscos e os efeitos duradouros do acervo nuclear e dos respectivos testes. Vinte anos volvidos, o espectro de um holocausto nuclear não só parece não se ter dissipado mas até parece reavivado. O tom lúgubre prosseguia nas páginas seguintes com o mapeamento e a cronologia do trágico conflito em Gaza e na Cisjordânia que a comunidade internacional ainda não conseguiu superar.
Outra comunidade também marcada pelos conflitos, mas com estratégias ancestrais para a sua superação, é a dos babuínos-gelada das Terras Altas da Etiópia. Num magistral ensaio fotográfico assinado por Michael Nichols, publicávamos um vislumbre da complexa sociedade destes espectaculares primatas. Nas páginas desta edição podíamos ainda seguir a saga de Lewis e Clark na sua exploração do rio Missouri em 1804 e um projecto de exploração da National Geographic que tentava desvendar mais sobre a ecologia, a genética, a distribuição e as ameaças do extraordinário peixe-lua.
No momento em que a população que reside em cidades se preparava para superar pela primeira vez na história a que vivia fora delas, a National Geographic procurava descodificar esta nova ordem mundial e projectava as suas implicações para o futuro. Cidades como São Paulo, Banguecoque, Lagos ou Haiderabade eram os estudos de caso para compreender os desafios na vida nas megalópolis.
Em Portugal, dávamos notícia de conclusões então recentes sobre a monitorização de abrigos de morcegos, do projecto de reintrodução do caimão no baixo Mondego e do controlo de gaivotas na Berlenga. Acompanhávamos ainda um projecto de monitorização de tartarugas marinhas na Guiné Bissau coordenado por investigadores portugueses e compilávamos uma breve cronologia da cartografia portuguesa. Na rubrica Pioneiros, fazíamos um retrato do ilustre homem do Renascimento que foi Damião de Góis, cuja análise dos restos mortais, com recurso a tecnologias modernas, revelava agora que o ilustre pioneiro poderia ter sido assassinado.