Chocolate é derramado numa bandeja em Sprüngli em Zurique. Fotografia cortesia de Confiserie Sprüngli AG.
Estes factos sobre o chocolate vão derreter-se na boca.
Texto: Jamie Kiffel-Alcheh
Ilustrações: Joe Rocco
Nas profundezas da floresta húmida da América do Sul existe… uma árvore de chocolate? Vagens amarelo-vivo com 30 centímetros de comprimento pendem dos seus ramos. No interior, encontram-se pequenas sementes amargas que dão à árvore o seu nome: cacau. São estas sementes que usamos para fazer chocolate.
As sementes – que crescem apenas nas proximidades do Equador – não têm um aspecto nem um sabor delicioso. No entanto, os povos antigos descobriram como utilizá-las para fazer guloseimas saborosas. (Com efeito, a primeira parte do nome científico da semente, Theobroma cacao, significa “alimento dos deuses” em grego.) Veja a cronologia abaixo para ficar com uma ideia da história do chocolate.
3300 a.C.
Os primeiros povos que se sabe terem utilizado a planta do cacau são o antigo povo Mayo-Chinchipe, do actual Equador, um país na América do Sul. Os especialistas não sabem ao certo se eles usavam a planta para beber, comer ou para fins medicinais. Sabem, porém, que esta cultura utilizava frequentemente o cacau, pois descobriram vestígios de teobromina — um composto químico natural derivado da planta – em artefactos encontrados em sítios arqueológicos em toda a região.
Cerca de 1800 B.C.
O antigo povo Olmeca da Mesoamérica (na actualidade o México e a América Central) começou a usar sementes de cacau, ou grãos de cacau, para preparar bebidas quentes e aromáticas. Os historiadores não sabem como é que os olmecas descobriram que as sementes amargas da planta podiam fazer bebidas saborosas. No entanto, pensa-se que, quando comiam o fruto cuspiam as sementes para o fogo, o que as fazia emanar um odor agradável.
Cerca do SÉCULO VIII d.C.
Os Maias, outro antigo povo da Mesoamérica, começaram a usar grãos de cacau como dinheiro. Os arqueólogos até encontraram sementes falsificadas, feitas em barro, que as pessoas tentavam usar em vez das verdadeiras.
Século XVI
O líder Azteca Montezuma II bebia, supostamente, 50 chávenas de uma bebida preparada com sementes de cacau e malagueta por dia.
Muitos Aztecas, um povo antigo que viveu na actual região central do México, bebiam cacau todos os dias, misturando as sementes com malagueta para fazer uma bebida picante e espumosa. Em 1519, o explorador espanhol Hernán Cortés relatou que o líder azteca Montezuma II bebia 50 chávenas por dia. Cortés levou a bebida para Espanha em 1528 e os espanhóis fizeram uma grande alteração – acrescentaram-lhe açúcar.
SÉCULOS XVII-XVIII
As casas de chocolate – semelhantes aos actuais cafés – tornaram-se locais populares, onde europeus e americanos abastados se encontravam para tomarem uma bebida de chocolate quente. Durante a Guerra da Revolução, de 1775 a 1783, os soldados feridos bebericavam chocolate para se aquecerem e ganharem energia. Por vezes, as tropas até eram pagas com grãos de cacau. Em 1785, Thomas Jefferson previu que o chocolate quente se tornaria tão popular como o chá ou o café.
1847
Uma companhia inglesa chamada J.S. Fry and Sons adicionou mais manteiga de cacau ao chocolate líquido, tornando-o sólido e criando as primeiras barras de chocolate produzidas em massa. Ao longo das décadas seguintes, os fabricantes de chocolate acrescentaram leite em pó às suas receitas criando o chocolate de leite.
FINAIS DO SÉCULO XVIII
Nesta altura o chocolate ainda tem um consistência um pouco… elástica. Por isso, em 1879, o suíço Rodolphe Lindt inventou um processo chamado conchagem, no qual uma máquina mexe o chocolate até este obter aquela textura que se derrete na boca. Dezenas de marcas diferentes começam a fazer as suas próprias barras de chocolate usando o processo de conchagem.
INÍCIO DO SÉCULO XX
No início do século XX, o principal ingrediente do chocolate – o cacau – torna-se muito mais barato. O chocolate deixa de ser uma guloseima apenas para pessoas ricas e, em todo o mundo, existem lojas com barras de chocolate a preços acessíveis para todos.
Actualidade
Uma modelo mostra o seu vestido de chocolate no Salon du Chocolat de 2017. Fotografia de Laurent Viteur / Wireimage / Getty Images.
Hoje em dia, é possível encontrar chocolate em supermercados, lojas de doces… e na passarela. O Salon du Chocolat, o maior festival de chocolate do mundo, conta todos os anos com um desfile de moda em Paris, França, com roupas feitas com chocolate. As peças são demasiado frágeis para serem vendidas, por isso algumas são exibidas após o festival, naquela que deve ser a exposição mais bem-cheirosa de sempre.