Contraluz de uma transferência por resina que revela o fóssil de um crocodilo anão. Fotografia de Javier Lobón Rovira.
O excepcional estado de conservação do registo fóssil de Las Hoyas permitiu reconstruir a paisagem da serra de Cuenca (Espanha) há 129 a 110 milhões de anos.
No entanto, nem todos os fósseis podem ser claramente identificados. Muitas vezes permanecem escondidos dentro da pedra, congelados numa página do tempo que os paleontólogos, com martelo e cinzel, tentam desvendar. É aí que acontece uma das fases mais delicadas do trabalho: a extracção desse material sem danificar a amostra.
O crocodilo que figura na reportagem Las Hoyas, viagem ao passado através dos fósseis, por exemplo, só ficou visível com a aplicação de uma técnica chamada transferência por resina, utilizada para trazer à tona o material que está na matriz da pedra e que, portanto, não podemos ver. Consiste em cobrir a área exposta do fóssil com resina e aplicar uma camada de ácido na matriz de pedra pelo outro lado, explica o paleobiólogo Jesús Marugán Lobón, director do projecto de investigação de Las Hoyas.
Quando o ácido faz efeito, os restos anteriormente ocultos são revelados. “É uma técnica muito invasiva, pelo que a amostra deve ser bem seleccionada”, acrescenta. Além disso, importa usar concentrações muito baixas porque o ácido continua a actuar mesmo depois da aplicação.” Hoje em dia, existem outros métodos menos destrutivos, mas neste caso a resina ajudou a revelar os restos de um crocodilo cretácico em todo o seu esplendor.