Ilustração  Anyforms   Fotografia Ricardo Araújo  

Fonte “A new elasmosaurid from the early Maastrichtian of Angola and the implications of girdle morphology on swimming style in plesiosaurs”, Araújo et al (2015)

 

Esta evolução demorou milhões de anos e várias das suas etapas constituem ainda um enigma. Publicado no “Netherlands Journal of Geosciences”, um estudo liderado pelo paleontólogo Ricardo Araújo e do qual fazem parte outros investigadores portugueses e angolanos acrescentou agora um novo dado, com base em fósseis do Maastrichiano Inferior (há cerca de 70 milhões de anos), descobertos em Bentiaba, no Sul de Angola. Pensa-se que a maioria dos plesiossauros conhecidos nadaria com recurso aos membros como remos em movimentos de abducção e adução, ou seja, para cima e para baixo e usando a cauda como leme. Ora, o plesiossauro descoberto no âmbito do projecto PaleoAngola, parcialmente financiado pela National Geographic Society, era bem diferente: “Tinha uma construção dos músculos dos membros anteriores tal que seria capaz de se propulsionar subaquaticamente como movimentos de protracção e retracção – ou seja, para a frente e para trás”, explica Ricardo Araújo, da Universidade Metodista do Sul (Texas). Recuperaram-se, entre outros elementos do esqueleto, a cintura escapular e membro anterior deste organismo (equivalente à clavícula, omoplata e braço nos humanos) que permitiram concluir que “vários grupos musculares deste animal ficaram atrofiados e outros desenvolveram-se extraordinariamente”. A equipa provou assim que houve mais do que um mecanismo de adaptação ao meio aquático entre os plesiossauros e que outras respostas podem ainda permanecer escondidas no vasto território angolano.

 

A cintura escapular articulada revelou o modo de locomoção aquática do plesiossauro descoberto em Bentiaba (Angola).

 

 

Pesquisar