Perto de Marco de Canaveses, escavações arqueológicas deram a conhecer em 1980 uma das mais importantes cidades romanas da época.
Texto: Paulo Rolão
Não ignorando as virtudes intrínsecas da civilização romana e das suas especificidades, não se pode erradicar a ideia de que esta teve como fonte de inspiração outras culturas. Os romanos beberam dos gregos a arte, a arquitectura, a filosofia e uma certa noção de democracia. E, em paragens mais distantes da capital do império, socorreram-se de povoações já existentes para as romanizarem, como aconteceu com os castros, muitos dos quais de inspiração indígena. Foi assim em quase todas as províncias da Península Ibérica, mas com mais incidência na Lusitânia e na Terraconense.
Clique na imagem para ver detalhes. Ilustração: Anyforms Design/Tongóbriga
Já antes da invasão romana existia na região um aglomerado populacional designado por Tongóbriga, nome inspirado num pequeno altar dedicado à divindade protectora do lugar, Genius Tongobricensium. Com naturalidade, este antigo castro foi ocupado, modificado, ampliado e romanizado no século I. Chegou a deter tamanho desenvolvimento que foi elevado à categoria de cidade, embora nunca fosse capital de província.
Com um salto no tempo, percebe-se todo o contexto histórico de Tongóbriga através do arqueólogo Martins Sarmento, que identificou um bloco de granito com a inscrição Toncobriga. Foi preciso, porém, esperar até 1980, ano em que o arqueólogo Lino Tavares Dias iniciou um ciclo de quase duas décadas de escavações no local.
A estação arqueológica do Freixo, onde decorreram as escavações, expressa a exuberância que Tongóbriga deteve: o núcleo castrejo, as áreas residenciais, a necrópole, o fórum, o teatro, as termas monumentais (dotadas de natatio, frigidarium, tepidarium, caldarium e palaestra), curiosamente juntas a um balneário mais antigo e de tradição pré-romana.
A antiga urbe ainda tem seguramente segredos escondidos e as escavações prosseguem. Os visitantes devem dedicar algum tempo à Estação Arqueológica do Freixo que contempla uma exposição sobre a mudança dos modos de vida dos habitantes de Tongóbriga quando esta se tornou romana e um auditório com documentários alusivos ao tema. Depois, resta conhecer, in loco, os quatro núcleos das ruínas arqueológicas visitáveis distribuídos por 15 hectares, mantendo sempre em mente que ainda está por escrever boa parte da história de Tongóbriga.
Estação Arqueológica do Freixo
Rua António Correia de Vasconcelos, Marco de Canaveses
Horário: 9h – 12h30 / 14h – 17h30 (dias de semana); 10h30 – 18h (sábados)
Contacto: Tlf.: +934 057 060