Após anos ou décadas enterrado no subsolo, quando o cisto do Triops vicentinus recebe água e se forma um novo charco temporário, a larva eclode em poucas horas.
Texto e Fotografia Luís Quinta
O Triops vicentinus é descendente do Triops cancriformis, do qual existem fósseis com 180 milhões de anos. Os seus cistos (ovos resistentes) são um mecanismo de sobrevivência apurado.
Este Triops é voraz e pode até alimentar-se de indivíduos da mesma espécie.
O segredo desta espécie endémica do Algarve está nos cistos quase indestrutíveis que podem passar pelo sistema digestivo de animais sem perturbações. Com ocorrências em apenas vinte charcos, este Triops é voraz e pode até alimentar-se de indivíduos da mesma espécie. Ecologicamente frágeis e mal conhecidos, os charcos temporários do Sudoeste são alvo de medidas de conservação no âmbito de um projecto LIFE coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza, numa parceria com universidades. A bióloga Margarida Cristo, da Universidade do Algarve, teme nova ameaça: “Os kits à venda nos supermercados com Triops exóticos podem chegar aos ecossistemas e competir com as espécies autóctones, criando danos incalculáveis”, diz.