Este ninho foi tecido com plástico. Algumas aves usam decoração garrida para captar a atenção das fêmeas. Outras, incluindo o milhafre-preto, usam plástico brilhante ou contrastante para dissuadir os rivais. Fotografado por Richard Barnes na fundação ocidental para a zoologia de vertebrados.

Os sacos de plástico branco a esvoaçar nas copas dos Alpes intrigaram Fabrizio Sergio. O ecologista italiano sabia que estes resíduos estavam pendurados nos ninhos de uma determinada ave, o milhafre-preto. Mas porquê?

Muitas espécies decoram os ninhos para atrair fêmeas, mas os machos de milhafres já têm parceira quando constroem os seus ninhos. A ornamentação dos ninhos destas aves sugere que “há algo que eles querem mostrar”, pensou.

À medida que ele e outros cientistas estudam a composição dos ninhos de aves, procuram sinais de influência humana. Algumas aves começaram a utilizar película de isolamento e pontas de cigarros em vez de materiais naturais, explica Luis Sandoval, professor de Ornitologia da Universidade da Costa Rica. Essas adaptações podem aumentar o sucesso reprodutivo ou indicam que os materiais naturais de construção desapareceram do habitat. “Os seres humanos estão a afectar os ninhos de aves de uma forma que ainda estamos a tentar compreender”, diz o investigador.

Numa etapa do estudo de seis anos, Fabrizio e os colegas libertaram peças de plástico de várias cores. Os milhafres seleccionaram de forma consistente as peças brancas para os ninhos e ignoraram as opções transparentes e escuras que não contrastavam com as cores da natureza.

Fabrizio concluiu que os milhafres usam o design para mostrar domínio social. Os ninhos com mais plástico pertenciam às aves mais fortes, capazes de afastar os atacantes que cobiçavam a decoração. Os ninhos normais sem decorações pertenciam a aves mais jovens e mais velhas, demasiado fracas para defender as suas casas destas incursões.

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