Texto: Marie-Amélie Carpio
A fotografia que Jasper Doest imortalizou perto de Masaka, no Uganda, representa mais do que um homem a trocar uma lâmpada sob um enxame de saltões. É quase um encontro de terceiro grau. “A imagem capta a atmosfera surreal, quase de ficção científica, que encontrei à noite, sob as luzes brilhantes de néon. E certamente desperta curiosidade”, explica o fotógrafo.
Jasper compara a perseguição dos saltões a um jogo de azar: é impossível prever onde e quando surgirão os insectos. Daí a dificuldade do fotó- grafo em cobrir o seu objecto. “Muitas vezes, esperávamos os insectos à noite num campo. Depois, recebíamos uma mensagem, informando que estes tinham aparecido em grande número do outro lado das montanhas.” Para o fotógrafo, havia sempre o mesmo dilema: ficar parado, talvez para nada, ou ir embora, correndo o risco de os saltões mudarem de rumo e chegarem ao lugar de onde tinha acabado de sair.
Com esta fotografia, Jasper Doest conseguiu atingir o seu objectivo. “Imagine a emoção que se sente quando tudo encaixa, como nesta fotografia. Os saltões ficaram ali escassos instantes antes de desaparecerem na noite, deixando-nos maravilhados”, recorda o fotógrafo, que diz ter apreciado o perfume de aventura deste trabalho.
“É também uma daquelas raras histórias visualmente emocionantes que, ao mesmo tempo, permitem que se perceba melhor o frágil e complexo equilíbrio que governa as nossas interacções com o mundo natural”, explica Jasper Doest.
Natural dos Países Baixos, o fotógrafo Jasper Doest especializou-se em reportagens que exploram a relação entre o homem e a natureza. O seu trabalho foi distinguido com três prémios do World Press Photo, entre outros galardões. Fotografia: Bart Breet