ocean revival

Em 2007, foram afundados, ao largo de Portimão, quatro navios desactivados para fixar a vida marinha e incentivar o mergulho.

Texto: António Luís Campos

Quando se pronuncia a palavra Algarve, o pensamento remete facilmente para praias douradas de água tépida e, quando se pensa em mergulho, o imaginário viaja para mares tropicais verdes e azuis, com recifes de coral e peixes coloridos. A combinação “Algarve” e “mergulho” é improvável para os leigos, mas nem por isso impossível. E o impossível torna-se possível num local muito especial: o parque subaquático Ocean Revival, ao largo de Portimão.

Aqui, foram afundados intencionalmente quatro navios de guerra da Armada Portuguesa: o patrulha oceânico Zambeze, a corveta Oliveira e Carmo, o navio hidrográfico Almeida Carvalho e a fragata Comandante Hermenegildo Capelo. O objectivo era criar o maior recife artificial da Europa, especialmente pensado para o mergulho recreativo, que simultaneamente oferece oportunidades de fixação e refúgio de vida selvagem subaquática. A ideia nasceu em 2007 e concretizou-se na década seguinte, com a imersão do último navio.

O mergulho em navios naufragados é uma actividade interessante mas também com riscos, devido à degradação das estruturas, aos materiais perigosos que muitas embarcações transportavam aquando do afundamento e à possibilidade de incidentes. No Ocean Revival, tudo é diferente, porque os navios foram preparados especificamente para este fim, tendo sido limpos de todas as matérias perigosas e de componentes que apresentem risco para os mergulhadores. Isto permite que inclusivamente se possa mergulhar dentro do navio, algo desaconselhado em circunstâncias normais e que é uma experiência única.

Por outro lado, os navios foram afundados de forma pensada, repousando quase intactos e numa posição adequada no fundo arenoso, facilitando a progressão e visita dos mergulhadores, em profundidades até 32 metros. Ainda assim, nem tudo é perfeito. Pela proximidade à costa, arenosa, e por estar à frente da ria de Alvor, uma área com muito material em suspensão na coluna de água e com fortes movimentos de marés, a visibilidade – aspecto primordial em qualquer mergulho – pode não ser a melhor, reduzindo-se a escassos metros nalgumas situações. Ainda assim, em dias de calmaria, um mergulho (literal) no passado da Marinha Portuguesa e a observação de como a chapa inerte pode formar novos oásis de vida são oportunidades raras. O Ocean Revival é um local muito particular. Pode não ser consensual, mas, num mundo em que o turista deseja constantemente novas experiências, é um salto numa direcção imprevista. Lá em baixo, distante do ruído da praia, o viajante esquece-se de que isto também é o Algarve!

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