Na época de acasalamento, um comboio de dez ou mais machos pode seguir uma única fêmea durante dias, aguardando que ela pare e se deite. Esse é o sinal de que está pronta para acasalar com o macho que conseguir afastar todos os outros. Fotografia de Doug Gimesy.
Nativo da Nova Guiné e da Austrália, este animal do tamanho de um gato doméstico tem uma boca minúscula sem dentes, pêlos semelhantes a penas… e genitais com múltiplas glandes.
Texto: Patricia Edmonds
Explicar o que são os equidnas pode ser cansativo para o vocabulário. São monotrematos, mamíferos que põem ovos: juntamente com o ornitorrinco, são as únicas destas criaturas que restam sobre a Terra. Têm bicos compridos ou curtos – se por bico quisermos referir-nos a um focinho liso tubular, que termina numa boca minúscula e desdentada. E chamam-lhes papa-formigas com espinhos, mas aquilo não são espinhos – são pêlos rígidos e modificados.
Um equidna bebé é um puggle. Um conjunto de equidnas é um desfile — a não ser que sejam machos adultos perseguindo uma fêmea durante a época de acasalamento; nesse caso é um comboio (frequentemente com um macho mais jovem no fim, um vagão imaturo). Estes comboios do amor podem incluir dez ou mais machos a perseguirem uma fêmea durante dias, até ela assinalar a última paragem – deitando-se no chão. Os machos escavam um buraco na terra em seu redor e, tal como lutadores de sumo ou wrestling, tentam empurrar-se para fora do ringue. O vencedor ganha o direito de acasalar com ela primeiro – e o seu membro viril parece feito especificamente para essa tarefa.
O pénis tem quatro glandes, todas com condutas para libertar sémen – mas são usadas apenas duas em cada erecção e o macho alterna as que utiliza. Isto é possível devido ao facto de a anatomia dos tecidos erécteis dos equidnas ser diferente da anatomia da maioria dos outros mamíferos, relataram cientistas australianos num estudo publicado em 2021. É provável que a anomalia ajude os machos a competirem por parceiras: trocar o lado do pénis utilizado permitiu a um equidna “ejacular dez vezes sem uma pausa significativa”, observaram os autores do estudo.
Cerca de dez dias depois de acasalar, a fêmea deposita um ovo na sua bolsa abdominal. Cerca de dez dias depois, a cria eclode.
Habitat/domínio
Os equidnas vivem na Nova Guiné e em todos os estados australianos, desde desertos áridos a montanhas geladas. Não constroem ninhos, abrigam-se em pilhas de arbustos, troncos ocos ou covis escavados por si ou por outros animais.
Outros factos
Os equidnas adultos podem atingir entre 35 e 76 centímetros e pesar 2,3 a nove quilogramas. É provável que o seu nome tenha origem num mito grego: o monstro Equidna, metade réptil e metade mamífero.