O Observatório do Clima no Espaço Profundo da NASA registou esta fotografia espetacular do nosso planeta a uma distância de cerca de 1 600 000 km. Fotografia de NASA.
O planeta a que chamamos casa é mais bizarro do que poderíamos imaginar.
Texto: Nadia Drake
1. Alberga um fungo gigantesco
Quando falamos dos maiores seres vivos da Terra, pensamos logo nas baleias-azuis, nos elefantes e nas árvores. Até nos podemos lembrar de que os recifes de coral são os maiores conglomerados de criaturas.
Mas o maior organismo único conhecido é um cogumelo do Oregon chamado Armillaria. Em 1992, foi encontrado no Michigan um destes fungos a ocupar o equivalente a 14,97 hectares. Mas, mais recentemente, equipas que investigavam um misterioso desaparecimento em massa de árvores descobriram que o culpado era um fungo ainda mais monstruoso, que ocupava pelo menos 809 hectares de terreno e que se calcula ter milhares de anos.
Embora os cogumelos propriamente ditos irrompam do solo, estão ligados por uma rede tentacular subterrânea de tecidos chamada micélio. É possível que os rebentos dos cogumelos não sejam todos clones perfeitos, mas parece que o fungo gigante arrecada este troféu específico.
2. Algumas partes têm um aspeto absolutamente extraterrestre
A Depressão de Danakil é uma paisagem bizarra que merece todos os superlativos com que é brindada. Mais quente. Mais seca. Mais baixa. Mais estranha. Embora as fervilhantes fontes termais, os gases venenosos, os crepitantes lagos de lava e as miragens salgadas façam com que a Depressão de Danakil pareça um dos mais inóspitos lugares da Terra, a vida não deixou de encontrar forma de aparecer. As coloridas passagens hidrotermais albergam ecossistemas que os exobiólogos estão atualmente a usar como análogos em busca de vida extraterrestre.
3. Uma ilha ostenta uma "Catarata Subaquática"
A costa sul das Maurícias parece estar a equilibrar-se sobre a orla de uma profunda catarata subaquática. Mas o ameaçador abismo e a posição precária da ilha não são mais do que uma ilusão. As correntes serpenteantes do oceano transportam lodo e areia e criam um imponente padrão, que se desenha sobre um leito relativamente inócuo. É bastante impressionante quando se vê de cima e até pode ser visto nas imagens do Google Earth.
4. Há pérolas escondidas sob os nossos pés
Enterrados a 300 metros de profundidade, os pilares de gesso das adequadamente chamadas Cavernas de Cristais no México são os maiores cristais naturais conhecidos. Algumas das traves da sufocante caverna medem mais de nove metros. Poderia pensar-se que é difícil que a Terra esconda uma riqueza tão brilhantemente cristalina, mas a caverna só foi descoberta no ano 2000, numa altura em que mineiros que se dedicavam à extração de prata rasgaram acidentalmente as paredes da caverna.
Outro tesouro subterrâneo igualmente mágico, a caverna Hang Son Doong, no Vietname, também se manteve oculta até há relativamente pouco tempo. Descoberta em 1991, a caverna ostenta uma exuberante floresta tropical e é a maior caverna do mundo, tendo espaço suficiente para estacionar confortavelmente um Boeing 747.
5. Algumas das suas nuvens estão vivas
Às vezes, ao anoitecer, há nuvens escuras e transmutáveis que se aproximam do solo. À medida que rodopiam e se transformam, estas nuvens parecem mesmo estar vivas — e, na verdade, estão. Formado por centenas ou milhares de estorninhos a voar em fila, o fenómeno é conhecido como burburinho. Os cientistas suspeitam que estas aves se dedicam a este espetáculo hipnotizante quando procuram um lugar para se abrigarem ou para fugirem dos predadores. Mas continua a ser um enigma a forma como conseguem uma tão perfeita sincronia acrobática de um momento para o outro.
6. Há um prado subaquático
Quem é o mais velho de todos? A erva-marinha mais disseminada do Mediterrâneo, chamada Posidonia, em referência ao deus Grego Posidão, é também considerada um dos mais antigos seres vivos da Terra: um teste de sequenciação genética revelou recentemente que um prado de Posidonias em expansão que crescia ao largo da costa de Espanha teria cem mil anos de idade.
Isto significa que, antes dos nossos antepassados modernos terem saído da África, os primeiros rebentos destas ervas-marinhas já estavam lentamente a criar raízes e a iniciar o processo de divisão de células que viria a sobreviver à disseminação global da humanidade. Uma das razões para a Posidonia, cujo crescimento é lento, durar tanto tempo é a falta de concorrentes ou predadores naturais — a exceção são os humanos, que, com o crescimento avassalador da população e a gestão deficiente dos habitats, estão lentamente a destruir estes prados primitivos.
7. Um rio está a ferver
Em tempos, considerado matéria de lenda, existe mesmo um rio a ferver escondido nas profundezas da Amazónia peruana. Bem, não está a ferver verdadeiramente, mas o rio fica a poucos graus do ponto de ebulição e não deixa de ser suficientemente quente para transformar uma floresta já de si transcendental num paraíso fervilhante e místico que pode cozer pequenos animais vivos.
Recentemente, o explorador da National Geographic Andrés Ruzo dirigiu-se ao fervilhante rio e trouxe uma razão para a sua efervescência: a tremenda atividade geotermal, que não está relacionada com vulcões nem com a exploração de petróleo.