Beni e o sargento-ajudante Damas Batista, do Pelotão Cinotécnico de Tancos, preparam-se para o seu primeiro salto em equipa. Beni mostrava-se ansiosa antes do salto, mas manteve-se calma e conseguiu executar bem este desafio.
Há 30 mil anos, um lobo atrevido aproximou-se de um grupo de caçadores-recolectores e iniciou-se uma viagem que mudou para sempre as nossas vidas.
Fotografias: Vasco Coelho
Parceiro da nossa jornada de evolução, o cão adapta-se a todos os desafios. Um fotógrafo documentou os novos e velhos papéis do fiel companheiro.







Na longa vida da nossa espécie, será difícil encontrar uma revolução mais profunda do que a ocorrida há cerca de dez mil anos com a transição de um sistema de caçadores-recolectores para o estabelecimento das primeiras comunidades sedentárias dependentes da agricultura e da pecuária. Esse foi o período áureo da domesticação animal, em que os humanos se tornaram dependentes das cabras, vacas, ovelhas e porcos. No entanto, milhares de anos antes deste processo, os humanos já se faziam acompanhar por um insubstituível companheiro, o cão. A forma como se deu a domesticação desta espécie ainda alimenta debate entre zooarqueólogos, mas é indiscutível o papel que os canídeos tiveram na caminhada ao nosso lado.
Modernamente, surgiu a ideia de que a relação entre cães e humanos seria anacrónica e teria impactos ecológicos difíceis de justificar. O fotógrafo Vasco Coelho abraçou o desafio de mostrar que mesmo no mundo actual, os cães continuam a prestar valiosos serviços aos humanos.
Vasco Coelho é descendente de militares e o avô, ao reformar-se da Marinha na altura em que o neto nasceu, arranjou um labrador que seria o seu companheiro inseparável nos primeiros 13 anos de vida. Mais recentemente, há dois anos, numa saída para controlar uma armadilha fotográfica no Alentejo, o fotógrafo confessou ao padrinho, um ávido caçador que às vezes o ajuda, que gostaria de voltar a ter um cão. Pouco depois, recebeu um enérgico jack russel que Vasco, apaixonado pela “Guerra das Estrelas”, baptizou de Lucas.
A intercepção entre o interesse pelos amigos de quatro patas e pela vida militar colocou os pelotões cinotécnicos na mira do fotógrafo. A partir daqui, surgiu o interesse de documentar outros cenários em que os cães prestam um serviço aos humanos. Na sua jornada, acompanhou animais treinados para participarem em cenários de guerra, no controlo do tráfico de drogas e outras mercadorias ilícitas, cães que são os olhos de pessoas com deficiência visual ou a única companhia de idosos solitários...