Corvo-marinho

Fotografia de Jacinto Policarpo 

O corvo-marinho tem uma reputação injusta. Nas últimas décadas, verificou-se um aumento das populações de corvo-marinho um pouco por toda a Europa, o que suscitou preocupações por parte dos pescadores e piscicultores, que os consideram responsáveis pelo decréscimo dos stocks das populações naturais dos peixes e pela destruição de produções em pisciculturas.

A maioria destas acusações carece de fundamentação científica, embora em alguns sistemas aquáticos onde existem elevadas densidades desta espécie tenham sido observados impactes da sua predação nas populações naturais de peixes.

Uma equipa de biólogos do CIIMAR (Universidade do Porto), em parceria com o IMARES (Holanda), coordenada por Ester Dias, concluiu num artigo publicado no “Journal of Sea Research”, que o corvo-marinho pode ser utilizado como indicador do estado e das alterações que ocorrem nos ecossistemas. Tal deve-se ao seu comportamento alimentar, que é generalista (pouca selectividade alimentar) e oportunista (consome o que é mais abundante) e que variou de acordo com as flutuações do caudal do estuário do rio Minho.

Assim, o corvo-marinho não seleccionou especificamente presas com interesse comercial, mas alimentou-se dos peixes que estão mais disponíveis. Resultados semelhantes foram observados por investigadores da Universidade do Algarve, na população da ria Formosa. Assim, a dieta do corvo-marinho poderá ser um indicador fácil, rápido e barato das alterações dos ecossistemas, sem que para tal seja necessário analisar toda a complexidade dos mesmos.

Fonte: “Natural born indicators: Great cormorant Phalacrocorax carbo as monitors of river discharge influence on estuarine ichthyofauna” (2012), Ester Dias et al

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