Texto Gonçalo Pereira Ilustração Anyforms Fotografia Luís Quinta
Fonte Paulo Barcelos (“Os Montanheiros”). Foi utilizada a toponímia estabelecida pela Associação “Os Montanheiros”.
A sua aventura não teve consequências, mas há memória na ilha de outras “loucuras”. Em texto publicado na revista “Atlântida” em 2004, Vítor Hugo Fragueiro contou que o sargento-enfermeiro Couto protagonizou, em 1960 ou 1961, com o seu grupo de escoteiros de Angra do Heroísmo, uma descida num cesto de vimes amarrado com corda de touros, através do qual os exploradores subiram e desceram a estrutura. Foi de tal maneira penoso que “o sargento Couto disse-me, com convicção, que chegou a pensar atirar-se para dentro do algar e ‘lá ficar’, caso não conseguisse içar quem estava em baixo”, lembrou o autor.
Na década de 1960, grupos de exploradores da Associação “Os Montanheiros” desbravaram, com suor e aventuras arriscadas, esta estrutura testemunha de uma erupção stromboliana. “O algar corresponde a uma chaminé vulcânica onde a lava em emissão recuou repentinamente para o interior da terra devido a movimentos do Complexo Fissural. Daí resultou um vazio, quase vertical”, explica o vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.
Os primeiros grupos de exploração encontraram a cavidade vulcânica ainda intacta. Mais tarde, a construção do túnel de entrada (iniciada há precisamente 50 anos) de 44 metros, depois consolidada a betão, constituiu uma faca de dois gumes, facilitando o usufruto do algar aos milhares de turistas que visitam a Terceira, mas gerando também novas pressões sobre este monumento natural. A Associação “Os Montanheiros” tem a missão de salvaguardar o algar e gerir o fluxo de visitantes.