Texto Eve Conant Fotografia Dean Conger, National Geographic Creative
Para avaliar o impacte de um choque socioeconómico em animais selvagens, uma equipa liderada pela ecologista Eugenia Bragina, nascida na Rússia, estudou os efeitos do colapso da ex-União Soviética na evolução das populações de oito grandes espécies de mamíferos: renas, corços, veados, alces, javalis, ursos-pardos, linces-euroasiáticos e lobos.
Todas as populações mostraram fortes flutuações na década anterior e posterior à dissolução da URSS em 1991. O número de javalis, ursos-pardos e alces diminuiu drasticamente no pós-colapso, provavelmente devido à caça furtiva, criação de terrenos agrícolas com o consequente desaparecimento de forragens e fraca aplicação da legislação de protecção dos animais selvagens. Apenas o número de lobos subiu (mais de 150%), talvez devido ao fim dos programas de controlo populacional. Investigadora na Universidade da Carolina do Norte, Eugenia Bragina sugere que “até mesmo as espécies com ampla distribuição podem necessitar de um acompanhamento cuidadoso em tempos de agitação”. E uma forma de proteger os animais em tempos difíceis é assegurar o “cuidado das pessoas”.
A criação de gado também pode ser afectada pelo caos político e social.
De acordo com a pesquisa publicada na revista “Rangifer”, o números de renas domesticadas caiu acentuadamente depois de 1991, tal como tinha acontecido noutra época politicamente agitada: o final da década de 1920, quando Stalin colectivizou as explorações agrícolas soviéticas.