Com ousadia, estes tubarões das Galápagos investigam a máquina fotográfica de Peschak enquanto ele explora os recifes de coral no interior da grande lagoa de Bassas, no canal de Moçambique. Desde 2017 que a National Geographic Society financia as reportagens sobre biodiversidade de Peschak.
A paixão de uma vida por estes predadores do oceano esteve na origem de uma carreira dedicada à fotografia de conservação e à partilha desse amor. Os tubarões despertam emoções fortes, frequentemente de alarme ou de pânico. Peschak pretende transformar o medo em fascínio.
Texto e fotografias: Thomas Peschak
Num dia horrível, no pino do Inverno, empur- ro a minha mãe, então com 60 anos, para as águas geladas do Atlântico. Quando um grande tubarão-branco que se encontra nas redondezas se aproxima para investigar, a minha mãe enfrenta-o e depois desaparece durante uma aparente eternidade. Regressa à superfície a arquejar, mas sorrindo. Imagino que a gaiola de aço galvanizado que a separava do tubarão tenha algo que ver com isso.





Tanto quanto me consigo lembrar, sempre adorei tubarões e sempre quis partilhar essa paixão com todos, incluindo os meus pais – ini- cialmente relutantes. Vi o meu primeiro tuba- rão aos 16 anos, ao largo da península do Sinai, no Egipto. Um trio de tubarões-de-ponta-preta entrelaçava-se entre barracudas que nadavam em círculos sobre um recife de coral. Tentei aproximar-me, batendo as barbatanas depressa, mas uma corrente forte prendeu-me ao re- cife. Quando mostrei as minhas fotografias su- baquáticas deste encontro, explicando que as pequenas manchas eram tubarões, os meus in- terlocutores duvidaram. Dali em diante, fiquei obcecado por aproximar-me mais dos tubarões. Quando deixei de trabalhar como biólogo ma- rinho para me tornar fotógrafo, os tubarões tor- naram-se as minhas primeiras musas. Levo ago- ra mais de duas décadas de documentação das suas vidas complexas e, de certo modo, secretas. É frequente perguntarem-me qual é a fase mais perigosa do meu trabalho – e não é nadar com os tubarões. Estatisticamente, as actividades mais perigosas que faço são atravessar a rua, condu- zir o meu carro e torrar pão. É um privilégio raro encontrar tubarões selvagens no seu elemento natural e habituei-me a geri-lo em partes iguais de respeito, humildade e devoção.