Graças ao filme homónimo, este é o tubarão mais famoso do mundo. Por que motivo sabemos tão pouco a seu respeito?
Texto Erik Vance Fotografia Brian Skerry
Talvez nenhum outro animal seja capaz de suscitar tanto pânico como o tubarão-branco. Este espécime voltou várias vezes a uma jaula de protecção, ao largo da costa australiana para inspeccionar um mergulhador no interior.
Não é fácil encontrar um tubarão-branco em águas selvagens. À primeira vista, ele não parece a criatura malévola que a televisão e o cinema nos mostraram. É corpulento, quase gordo, como uma salsicha demasiado cheia. Papadas flácidas tremem-lhe pelo corpo abaixo quando abre a boca, a qual, uma vez fechada, parece um esgar gorducho e ligeiramente entreaberto. Visto de lado, também não é uma figura assustadora.
Porém, quando ele se vira e olha na nossa direcção, percebemos a razão pela qual é o animal mais temido da Terra. De frente, a sua cabeça já não parece mole e flácida, transformando-se progressivamente numa seta cujos olhos negros desenham um V sinistro. O sorriso confuso desaparece e tudo o que vemos são filas de dentes com cinco centímetros capazes de morder e, ao fazê-lo, aplicar quase duas toneladas de força. Lenta e confiantemente, ele aproxima-se. Vira a cabeça, primeiro para um lado e depois para o outro, avaliando-nos, decidindo se merecemos que perca tempo connosco. Se tivermos sorte, afasta-se e transforma-se novamente na figura apalhaçada que desliza para a penumbra.
Existem mais de quinhentas espécies de tubarão, mas, no imaginário popular, há apenas uma. Quando a Pixar precisou de um vilão subaquático para o seu filme animado “À Procura de Nemo”, não escolheu o agressivo tubarão-touro.
Existem mais de quinhentas espécies de tubarão, mas, no imaginário popular, há apenas uma. Quando a Pixar precisou de um vilão subaquático para o seu filme animado “À Procura de Nemo”, não escolheu o agressivo tubarão-touro. Nem sequer o tubarão-tigre, que seria mais adequado ao lar de recife de coral de Nemo. Foi o tubarão-branco, com o seu sorriso enorme, que figurou em milhares de cartazes promocionais do filme afixados em todo o mundo.
O tubarão-branco é o mais icónico dos peixes oceânicos e, contudo, sabemos pouco sobre ele. Pior: muito do que achamos saber não é a verdade. Os tubarões-brancos não são caçadores implacáveis (aliás, os seus ataques são cautelosos), nem sempre são solitários e podem ser mais inteligentes do que os especialistas pensavam. Mesmo os famosos ataques ocorridos em Jersey Shore, em 1916, mencionados numa cena do filme “Tubarão” podem ter sido perpetrados por um tubarão-touro e não por um tubarão-branco.
As águas transparentes ao largo das ilhas Neptuno, na Austrália, são um dos melhores sítios do mundo para observar tubarões-brancos. Este nada junto de um ratão ao atravessar uma floresta de laminárias.
Não sabemos ao certo durante quanto tempo vivem, quanto dura a sua gestação ou quando atingem a maturidade. Ninguém viu um tubarão-branco acasalar ou dar à luz. Imagine que um animal terrestre do tamanho de uma carrinha de caixa aberta caçava junto das costas da Califórnia, da África do Sul e da Austrália. Os cientistas conheceriam todos os pormenores sobre os seus hábitos de acasalamento, migrações e comportamento. Já teria sido observado em jardins zoológicos, campos de investigação ou mesmo em circos. As regras são diferentes debaixo de água. Os tubarões-brancos aparecem e desaparecem quando querem e é quase impossível segui-los em águas profundas. Recusam-se a viver atrás de vidraças – em cativeiro, alguns deixaram-se morrer à fome ou bateram violentamente com a cabeça contra as paredes. Vários aquários libertaram-nos para sua própria segurança ou por terem atacado companheiros de tanque.
No entanto, recorrendo a tecnologia de ponta, os cientistas podem agora estar prestes a encontrar a resposta para dois dos mistérios mais intrigantes: quantos existem e para onde vão?
No entanto, recorrendo a tecnologia de ponta, os cientistas podem agora estar prestes a encontrar a resposta para dois dos mistérios mais intrigantes: quantos existem e para onde vão?, recorrendo a tecnologia de ponta, os cientistas podem agora estar prestes a encontrar a resposta para dois dos mistérios mais intrigantes: quantos existem e para onde vão? Estas respostas poderão ser cruciais para decidirmos como nos protegermos deles e a eles de nós. Quando, por fim, conseguirmos perceber o tubarão-branco com clareza e a partir de todos os ângulos, será que o mais temido assassino do mundo irá merecer o nosso medo ou a nossa pena?
Um tubarão-brancoolha para uma câmara instalada num isco de foca junto do cabo Cod. A imagem de alta qualidade captada nestas águas é uma raridade. Os tubarões-brancos são difíceis de fotografar neste local porque não se sentem atraídos por restos de animais.
Uma embarcação de pesca com sete metros encontra-se ao largo da extremidade meridional do cabo Cod, no estado de Massachusetts. Os passageiros reclinam-se nos seus lugares. A voz de um piloto, voando a 300 metros de altitude, faz-se ouvir pelo rádio. “Temos um belíssimo tubarão a sul!” O biólogo Greg Skomal anima-se. Está um metro e meio para além da proa, sobre o púlpito – um passadiço vedado, parecido com a prancha de um navio de piratas. Se isto fosse um filme de Hollywood, teria um arpão e uma perna de pau. Em vez disso, segura uma câmara GoPro presa a uma vara com três metros de comprimento.
Noutras paragens, os tubarões-brancos reúnem-se sazonalmente em redor de cinco “centros” ou territórios, que incluem a costa californiana até à Baixa Califórnia, já no México, as costas meridionais da África do Sul e a costa sul da Austrália, onde se juntam para caçar focas.
Até 2004 quase ninguém na época contemporânea avistara tubarões nas águas ao largo da Costa Leste dos EUA. Ocasionalmente, aparecia um junto de uma praia ou numa rede de pesca, mas eram anomalias estatísticas. Noutras paragens, os tubarões-brancos reúnem-se sazonalmente em redor de cinco “centros” ou territórios, que incluem a costa californiana até à Baixa Califórnia, já no México, as costas meridionais da África do Sul e a costa sul da Austrália, onde se juntam para caçar focas. No entanto, nunca existiu um centro na Costa Leste, nem nunca lá existiram muitas focas. Aqui, os tubarões eram vagabundos sem lar. Até que um dia, em 2004, uma fêmea solitária abriu caminho até enseadas de águas superficiais e baixios junto de Woods Hole, no estado de Massachusetts.
Um tibarão-branco de grandes dimensões nada velozmente junto das ilhas Neptuno. Os cientistas identificam-nos através das barbatanas dorsais e da linha irregular que separa a região cinzenta da região branca do corpo.
Para Greg Skomal, que monitoriza outras espécies de tubarões há 20 anos, colocando-lhes equipamentos de transmissão de dados, era uma oportunidade única na vida. “Achei que era um golpe de sorte. Nunca voltaria a acontecer”, afirma com um sorriso grande e juvenil. Nas duas semanas que se seguiram, Greg e os colegas seguiram o tubarão, que apelidaram de Gretel e fixaram-lhe um transmissor de satélite. O acompanhamento dos movimentos de um tubarão-branco no oceano Atlântico seria uma oportunidade de resolver muitos enigmas. Contudo, passados 45 minutos de viagem, o transmissor de Gretel teve um problema e soltou-se prematuramente. “Fiquei totalmente deprimido, pois convencera-me de que esta era a grande oportunidade da minha carreira para estudar um tubarão-branco”, diz Greg.
Em 2009, na primeira segunda-feira de Setembro, tudo mudou. Um piloto avistou cinco tubarões-brancos ao largo do cabo. Nesse fim-de--semana, Greg marcou-os a todos. “Endoideci por completo. A minha adrenalina bombava. Era tudo aquilo com que eu tinha sonhado.”
Em 2009, na primeira segunda-feira de Setembro, tudo mudou. Um piloto avistou cinco tubarões-brancos ao largo do cabo. Nesse fim-de--semana, Greg marcou-os a todos. “Endoideci por completo. A minha adrenalina bombava. Era tudo aquilo com que eu tinha sonhado.”
Os tubarões-brancos regressaram todos os verões desde então, levando algumas pessoas a classificar o cabo Cod como o sexto centro. Quantos tubarões-brancos existem? Para responder a esta pergunta, concentramos a atenção no centro que se estende desde a Califórnia à Baixa Califórnia. O esforço para contar estes tubarões foi liderado por Scott Anderson quando este especialista trabalhou como voluntário numa ilha a ocidente de San Francisco. Scott e outros têm rastreado os movimentos dos tubarões – primeiro à vista, depois através de transmissores acústicos e mais recentemente recorrendo a transmissores de satélite. Nos últimos trinta anos, foram recolhidas milhares de observações individuais de tubarões reconhecíveis pela forma e marcas das barbatanas dorsais, enquanto outros se basearam na linha característica entre o corpo cinzento e a barriga branca.
Os cientistas sabem onde os tubarões se reúnem e como se alimentam. E a cada ano que passa, a maioria dos tubarões que vêem são os mesmos que viram em anos anteriores.
Isto levantou uma questão intrigante: havendo observações suficientes, seria possível utilizar os tubarões observados para estimar quantos não conseguimos observar? Em 2011, uma equipa californiana realizou esse projecto e chegou a um valor de apenas 219 adultos na região mais rica em tubarões da Califórnia. Mesmo para predadores de topo, geralmente menos abundantes do que as suas presas, é um número muito pequeno. O estudo chocou o público e foi imediatamente criticado por outros especialistas.
O recenseamento de tubarões-brancos é muito mais difícil do que os censos de animais terrestres ou mesmo de mamíferos marinhos.
O recenseamento de tubarões-brancos é muito mais difícil do que os censos de animais terrestres ou mesmo de mamíferos marinhos. Por isso, os cientistas estabelecem hipóteses sobre os movimentos dos tubarões, fazendo extrapolações a partir delas. Na Califórnia, a maior conjectura era que uns quantos locais de alimentação eram representativos do centro inteiro. Outras equipas analisaram os mesmos dados partindo de hipóteses diferentes e um estudo estimou a existência de um número aproximadamente dez vezes superior de tubarões. Esse valor foi aumentado pela inclusão do número de juvenis, que o primeiro estudo excluíra por se saber pouco sobre eles. Pouco depois, os cientistas começaram a contar tubarões-brancos de outros centros. Uma equipa da África do Sul estimou que a população local seria de cerca de novecentos indivíduos e outra equipa apontou o número de tubarões da população da ilha mexicana de Guadalupe, integrada no centro californiano, para apenas cerca de 120.
Dois tubarões nadam junto das ilhas Neptuno em busca de focas. Os tubarões-brancos não vivem em grupos, nem são criaturas puramente solitárias. Por vezes, reúnem-se em zonas de alimentação.
Serão estes valores grandes ou pequenos? Estarão os tubarões-brancos a prosperar ou a diminuir? No planeta, existem cerca de quatro mil tigres e 25 mil leões africanos. Segundo as estimativas mais baixas, o número global de tubarões-brancos assemelha-se ao da estimativa dos tigres, uma espécie em perigo. Segundo a estimativa mais alta, a população de tubarões-brancos é mais parecida com a dos leões, classificados como vulneráveis. Para vários peritos, os tubarões-brancos caminham em direcção à extinção, mas outros entendem que existe uma tendência positiva. Alguns defendem que o aumento da população de focas é um sinal do quase desaparecimento dos tubarões, enquanto outros dizem que mais focas equivalem a mais tubarões.
Alguns defendem que o aumento da população de focas é um sinal do quase desaparecimento dos tubarões, enquanto outros dizem que mais focas equivalem a mais tubarões.
Há razões para esperança. Poucos, se é que alguns, pescadores perseguem os tubarões-brancos actualmente e eles têm a segunda classificação de conservação mais elevada porque os pescadores os capturam inadvertidamente. Com números tão baixos, até as capturas acidentais podem infligir danos à espécie que, enquanto predador de topo, desempenha um papel ecologicamente importante no equilíbrio dos oceanos.
Para apurar se os tubarões-brancos precisam da nossa protecção, precisamos de saber quantos são e para onde vão. As suas migrações não seguem padrões consistentes. São confusas: um animal nada junto da costa enquanto outro percorre centenas de quilómetros aos ziguezagues. Muitos, mas não todos, parecem deslocar-se sazonalmente entre águas quentes e frias. E os trajectos parecem diferentes para machos, fêmeas e juvenis.
O buólogo Greg Skomal tenta filmar um tubarão junto do cabo Cod. Pela primeira vez na história contemporânea, os tubarões-brancos começaram a regressar às águas deste destino de férias.
Actualmente, com a monitorização por satélite de longa duração e longa distância, a comunidade científica está a obter informação. Durante anos, os cientistas repararam que os tubarões-brancos adultos da Califórnia e do México abandonavam a costa no final do Outono. Agora, sabemos para onde se encaminham: vão para águas profundas, no Pacífico. A razão pela qual visitam este centro permanece obscura. “Vão para um sítio que algumas pessoas consideram o deserto do oceano. O que farão lá?”, pergunta Salvador Jorgensen, um biólogo que estuda os factores responsáveis pela migração e ecologia dos tubarões-brancos.
Uma das possíveis respostas é o acasalamento, o que pode explicar o facto de nunca ter sido observado. A área é gigantesca e regista profundidades de milhares de metros, o que dificulta a monitorização de tubarões no local. Contudo, os transmissores de satélite dizem-nos que as fêmeas nadam em padrões de linha recta previsíveis e os machos nadam para cima e para baixo na coluna de água, possivelmente em busca de parceira. E assim se forma uma imagem geral dos tubarões-brancos da Califórnia.
Depois de passarem o Verão e o Outono a banquetear-se com focas, dirigem-se para o oceano profundo para acasalar, dependendo das suas reservas de energia para sobreviver.
Depois de passarem o Verão e o Outono a banquetear-se com focas, dirigem-se para o oceano profundo para acasalar, dependendo das suas reservas de energia para sobreviver. Os machos nadam então de volta à costa enquanto as fêmeas vagueiam para locais desconhecidos, onde permanecem durante mais um ano, talvez para parir. Depois, os tubarões recém-nascidos surgem nos locais de alimentação, devorando peixes até serem suficientemente grandes para se juntarem aos mais velhos a norte ou a sul, caçando focas.
O quadro não é perfeito: os machos e as fêmeas não estiveram juntos no centro por muito tempo e não sabemos onde nascem as crias. Mas os novos dados já são sugestivos. À medida que a população recupera, os juvenis tornam-se abundantes e é possivelmente por essa razão que, ultimamente, os habitantes do Sul da Califórnia têm encontrado numerosos tubarões. No entanto, é mais difícil determinar o que se passa noutros locais. Os tubarões australianos patrulham a costa meridional, mas não parece terem um padrão, nem um local de concentração. E sabemos ainda menos sobre o que se passa no Atlântico.
Embora ainda não compreenda as suas migrações, Greg tem a certeza de que a história dos tubarões-brancos neste lugar é muito antiga.
Embora ainda não compreenda as suas migrações, Greg tem a certeza de que a história dos tubarões-brancos neste lugar é muito antiga. No seu gabinete, abre um documento com uma compilação de estudos de ossos de foca de sítios arqueológicos nativos-americanos ao longo da costa oriental dos EUA. Os materiais ósseos sugerem que as populações de focas sofreram um declínio acentuado possivelmente no século XVI. Por outras palavras, houve poucas focas- -cinzentas ao longo dos 240 anos da história dos Estados Unidos. Hoje, graças à Lei de Protecção dos Mamíferos Marinhos, as focas povoam a região de Nova Inglaterra. E quando as focas regressaram, os tubarões também voltaram para casa.
Numa radiosa manhã de Agosto, embarco numa aeronave de dois lugares ao lado de Wayne Davis, piloto que ajuda os cientistas a localizar tubarões-brancos. Em apenas 30 minutos de voo, vimos sete, patrulhando praias onde focas-cinzentas caçam em águas abertas. No regresso, eu e Wayne sobrevoamos várias praias a 1.500 metros de distância repletas de veraneantes.
Milhares de barbatnas são expostas ao sol em Hong Kong. A barbatana seca pode permanecer anos armazenada antes de ser cozinhada e lhe extraírem as espinhas para a sopa. As cartilagens não têm sabor, mas conferem uma textura semelhante à dos rebentos de feijão. Fotografia Antony Dickson, AFP/Getty Images (no topo); Fotografia Paul Sakuma, Associated Press (em baixo).
Até à data, os autóctones acolheram bem os seus novos vizinhos. Há animais de peluche, T-shirts e posters. Na maioria das vezes, os tubarões são mostrados de perfil – alegres e apalhaçados. No entanto, os especialistas avisam que, a dada altura no futuro, alguém encontrará a outra versão no mar – aquela que tem dentes!
Os ataques a seres humanos são incrivelmente raros. Nas águas ao largo da Califórnia, as probabilidades de um surfista ser mordido por um tubarão-branco são de 1 em 17 milhões. Para os nadadores, são ainda mais raras: 1 ataque em cada 738 milhões de idas à praia. No cabo Cod, não se trata de saber se irão ocorrer casos mortais, mas quando. O último ataque mortal de tubarão ao largo de Nova Inglaterra ocorreu em 1936, mas houve várias situações em que o incidente esteve iminente. Um nadador foi mordido em ambas as pernas em 2012 e dois remadores de Plymouth foram derrubados dos seus caiaques em 2014, embora escapassem ilesos.
Os ataques a seres humanos são incrivelmente raros. Nas águas ao largo da Califórnia, as probabilidades de um surfista ser mordido por um tubarão-branco são de 1 em 17 milhões.
Caso se registe um ataque mais grave, o estado de Massachusetts juntar-se-á a outros que ponderam a implementação de medidas repressivas destes predadores marinhos.
A recuperação do tubarão-branco a nível global pode ser uma proeza fantástica: acompanhando o aumento das populações de focas e leões-marinhos, restabelecido nos seus velhos territórios de caça. Por outro lado, pode acontecer que o tubarão-branco se encontre à beira do abismo da extinção. Conseguiremos ver para além do nosso medo e estender a mão a esta criatura? Conseguiremos sentir pena dos olhos impiedosos de um monstro?
Pôr termo à barbárie
Um tubarão-martelo é içado a bordo de um barco de pesca ao largo da costa da Indonésia. A sua carne não vale muito, mas as barbatanas podem render 180 euros por quilograma. Os pescadores agarram no tubarão, cortam-lhe as barbatanas e atiram o animal borda fora, ainda vivo, condenando-o à morte.
Um tubarão-martelo é içado a bordo de um barco de pesca ao largo da costa da Indonésia. A sua carne não vale muito, mas as barbatanas podem render 180 euros por quilograma.
Segundo algumas estimativas, cem milhões de tubarões de várias espécies são mortos anualmente, a maioria dos quais para alimentar a procura chinesa por sopa de barbatana de tubarão. Historicamente, a maioria das barbatanas destina-se ao Sul da China, onde a sopa é um prato popular em casamentos. Agora, surgiu uma campanha com recurso a celebridades como o actor Jackie Chan e a antiga estrela da NBA Yao Ming, que poderá ter reduzido a procura asiática de barbatana de tubarão em 70%. O governo chinês proibiu a sopa de barbatana de tubarão nos eventos oficiais, mas não é possível comprovar se o massacre de tubarões efectivamente abrandou. O cientista Daniel Pauly acredita que este gesto “servirá para retirar o corte de barbatanas do radar das organizações ocidentais. E pode continuar a acontecer fora do radar até o último tubarão ser capturado.”
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