Dornes 

Alcandorada numa península sobre o Zêzere, a vila respira lendas, histórias e registos templários gravados nas águas ribeirinhas.

Texto: Paulo Rolão

O cenário é idílico: uma península que trava a correria das águas selvagens do Zêzere que vêm aos trambolhões do Cântaro Magro da serra da Estrela, mas que são amansadas pela barragem de Castelo do Bode. As árvores de grande porte forram as margens com florestas. Os montes moldam o curso do rio. O casario alvo sobressai na paisagem e uma torre pentagonal faz a imaginação recuar aos tempos da fundação da nacionalidade.

Este território foi entregue aos cavaleiros da Ordem do Templo com a missão de vigiar o vale do Zêzere e a linha do Tejo, que correspondia aos limites de avanço do processo de reconquista territorial.

Com o reino português consolidado, Dornes cresceu em termos místicos e religiosos quando a rainha Santa Isabel patrocinou a edificação de uma ermida que, mais tarde, se converteu na igreja consagrada a Nossa Senhora do Pranto, também conhecida por Nossa Senhora das Dores. Foi esta última designação que deu origem ao nome actual: Dores evoluiu, como tantas vezes sucede por corruptela, para Dornes.

Dornes

Implantada num meandro do Zêzere, Dornes é um deleite para os olhos.

Nesta povoação do interior, a pesca era a actividade principal e teve sempre peso significativo na gastronomia local. No entanto, foi o turismo a retirar Dornes do anonimato quando a vila começou a perfilar-se como destino para aqueles que procuram tranquilidade e horizontes desafogados. O visitante deve guardar algum tempo para um périplo pelas ruas bordejadas por casas com cobertura de cal e para subir às alturas da torre templária de forma a obter uma panorâmica sobre o Zêzere e a paisagem envolvente.

Depois, é imprescindível mergulhar na praia fluvial quando o calor aperta, observar o Zêzere num dos passeios de barco e terminar a visita com uma caminhada até à ponta onde a terra encontra a água.

Muitos chamam a Dornes a vila da península encantada. No final da visita, é provável que se junte ao coro dos apaixonados por ela.

Dornes

 

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