jardim botânico

O mais luxuriante espaço da Universidade de Coimbra é o Jardim Botânico, onde espécies de todo o mundo convivem desde o século XVIII.

O movimento iluminista que marcou uma certa fase da Europa do século XVIII rasgou as fronteiras do conhecimento. As mentalidades e várias áreas da ciência registaram avanços inéditos, alargando as fronteiras do conhecimento.

Em Portugal, este ciclo teve particular incidência na medicina e na botânica, aproveitando a disseminação de jardins que já proliferavam em grandes mansões e palácios, embora com função ornamental. Garcia de Orta dera os passos iniciais com o estudo das plantas que encontrou nas suas viagens pela Índia, mas foi o marquês de Pombal que traçou as linhas-mestras de um novo impulso científico no país. Entre as várias medidas pombalinas, estava a fundação de jardins botânicos de renome em Lisboa e em Coimbra.

A Universidade de Coimbra foi naturalmente um dos locais privilegiados para a implantação do projecto, contando com a experiência do naturalista Domingos Vandelli, que já fundara o Real Jardim Botânico da Ajuda. Pretendia-se que os naturalistas setecentistas dispusessem de um local para estudar in loco os diversos exemplares botânicos plantados num terreno com 13 hectares cedido maioritariamente por monges beneditinos.

Jardim botânico Coimbra

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O ano de 1772 corresponde ao arranque do projecto que tinha como objectivo complementar o estudo da História Natural e da Medicina na faculdade, com o implemento de um conjunto de plantas e árvores representativo das diversas regiões metropolitanas e coloniais de Portugal. A direcção do jardim foi atribuída a dois eminentes especialistas – primeiro a Domingos Vandelli e, depois, a Avelar Brotero. Será mais tarde, com Júlio Henriques, que o espaço se torna verdadeiramente uma montra da globalização, com a requisição de espécies botânicas das mais diferentes partes do mundo, incluindo exemplares exóticos recém-descobertos de outros continentes.

Hoje, o Jardim Botânico apoia o Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e inclui diferentes espaços, aos quais se acede por um portão de ferro forjado concluído em 1884. Merecem uma visita a Alameda das Tílias, a Estufa Grande, vestígio notável da arquitectura do ferro e mostruário de plantas tropicais e subtropicais como orquídeas e plantas carnívoras, e a Estufa fria, com uma cascata que alimenta espécies habituadas a ambientes frios e sombrios.

AMata corresponde à maior área do jardim e estão ali implantadas as árvores de maior porte, muitas das quais exóticas e que testemunham há dois séculos e meio as alegrias e agruras de estudantes coimbrões. O Recanto Tropical, porventura o espaço com maior exposição solar, permite recriar a atmosfera tropical e exibe com orgulho a pequena palmeira algarvia Chamaerops humilis ssp. Humilis. O Bambuzal é igualmente deslumbrante, com os bambus introduzidos no jardim em meados do século XIX ao lado da pequena capela beneditina.

Outros espaços apresentam uma proposta pedagógica diferente, sempre com a temática botânica presente. São os casos do Fontanário, que corresponde à fase embrionária do jardim. A fonte está delimitada por sebes de bucho, magnólias, cerejeiras de jardim e azáleas. Entre as plantas, pontualmente, destacam-se o baixo-relevo do antigo director Luís Carrisso e a estátua de Júlio Henriques, o antigo responsável do jardim que liderou diversas expedições de âmbito científico.

fontanário

Tal como uma casa se começa pelos alicerces, também o Jardim Botânico começou por resolver o problema da água. Este fontanário central foi uma das primeiras instalações numa fase embrionária do jardim. Ainda resiste, tantas décadas depois, para contar a história da fundação de um dos primeiros jardins botânicos do país.

A visita deve ser concluída na Escola Médica, onde se explica como a medicina, ao longo dos séculos, se socorreu da botânica para a investigação de propriedades terapêuticas das plantas aromáticas e medicinais. É também aqui que reside o banco de sementes, uma reserva das espécies para que estas estejam salvaguardadas para o futuro.

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