Criado em 1998, o Parque Marinho Professor Luiz Saldanha faz parte do Parque Natural da Arrábida e protege mais de cinquenta quilómetros quadrados.
Texto e fotografias: Luís Quinta
As áreas de protecção com regimes de utilização diferentes estendem-se desde a Praia da Figueirinha perto de Setúbal, à Praia da Foz, a norte do cabo Espichel. Nesta vasta costa da Arrábida abrigada dos ventos e ondulações dominantes de noroeste, existem inúmeros locais de mergulho.
Muitos locais são conhecidos, descritos em guias, e procurados todos os fins-de-semana por largas dezenas de mergulhadores que, apoiados por diversos centros de mergulho de Sesimbra, Arrábida ou Setúbal, os transportam até aos mais famosos. No entanto, há muitos outros igualmente interessantes fora dos circuitos clássicos.











No topo da lista dos mergulhos, encontra o “Jardim das Gorgónias”, o destroço do navio River Gurara (proa e popa), a “Ponta da Passagem”, ou a “Pedra do Leão”, as “Três irmãs” e a “Baía da Armação”. Para mergulhadores mais experientes e que procuram outras profundidades, existem ainda a “Baixa do Cabo” ou a “Catrapona”.
Como zona protegida com cerca de 1.800 espécies descritas, em muitos locais é possível vislumbrar grandes cardumes de diferentes espécies de peixe e variados invertebrados de grande porte, como polvos e santolas, entre outros.
Alguns locais pelo seu posicionamento geográfico permitem o avistamento de grandes peixes, como safios, meros ou grandes pelágicos. Uma das referências para estes encontros mais exuberantes são precisamente os destroços do River Gurara junto do cabo Espichel. A zona da proa (mais profunda e afastada da costa) pode apresentar mais surpresas, ao passo que o sector da popa, menos profundo e mais próximo dos limites do cabo, alberga uma enorme variedade de fauna, com destaque para alguns peixes que podem ser observados repetidamente em mergulhos seguidos.
Não há propriamente peixes que residam aqui todo o ano, mas alguns exemplares podem permanecer longos períodos na mesma zona, como os safios e os meros.
No Verão, quando as algas ocorrem com abundância, a ponta da passagem é um bom local para contemplar vastas florestas de grandes algas laminárias e toda uma fauna que se envolve de forma muito eficaz com este cenário temporário.
Visualmente muito apelativo, o “Jardim das Gorgónias” está, como o nome indica, repleto de leques de gorgónias de várias cores e espécies. Nestas colónias de pólipos, nas algas, fendas ou cavidades, os pequenos invertebrados abundam. Desde crustáceos, a nudibrânquios, dos equinodermes às poliquetas, passando ainda pelos cefalópodes ou anémonas, há de tudo e em formas variadas. Este promontório rochoso a baixa profundidade (máximo de 20 metros) pode ainda atrair grandes peixes, como o peixe-lua, para sessões de limpeza.
Foram descritas neste Parque Marinho mais de 210 espécies de peixe, cerca de 300 de crustáceos, 330 de moluscos e mais de 60 de esponjas. Não muito longe do “Jardim das Gorgónias”, a “Pedra do Leão” permite um mergulho de baixa profundidade onde se podem avistar grandes cardumes de peixe, paredes de anémonas coloridas e diversos crustáceos, como santolas, lagostas, galateias, camarões, ou caranguejos. Esta rocha, destacada da linha de costa, tem uma grande arcada/passagem submersa, onde muitos cardumes gostam de descansar.
Quer para captar imagens de paisagem, quer para fotografias de grande pormenor, este local de mergulho é muito recomendável. Mesmo em frente da base do molhe do porto de abrigo de Sesimbra, existem os destroços de uma barcaça, o Batelão. Apesar de este local de mergulho ser muito próximo do porto (a viagem é curta), tem dias de boa visualidade e apresenta-se repleto de inúmeros cardumes.
Há muito que, nesta área marinha protegida, se trocaram os arpões pelas máquinas fotográficas e os disparos mortíferos pelo som da máquina fotográfica.