À vista do Castelo de Santa Maria da Feira, o difícil é não imaginar cítaras, rabecas, sanfonas e outros instrumentos medievais. Fotografia de Vladimir Korostyshevskiy/Shutterstock.
Quase que saído de um conto de fadas, este castelo foi o grande responsável por uma série de inovações arquitectónicas que acompanharam o aparecimento de novas armas.
O castelo nasce, à semelhança dos congéneres do Norte, entre os séculos XI e XII. Depressa assume importância no controlo costeiro e administração das vastas Terras de Santa Maria. A história atribui-lhe protagonismo no momento em que o alcaide Pêro Gonçalves de Marnel, tomou o partido de Dom Afonso Henriques, na batalha de São Mamede, em 1128.






Porém, a actual feição do Castelo de Santa Maria da Feira resulta da concessão da sua alcaidaria à família Pereira e ao seu donatário, Fernão Pereira, em 1448. O castelo, à época, estava em ruína e as obras levadas a cabo permitiram dotar a fortificação de um espaço habitacional adaptado à nobreza da segunda metade de Quatrocentos. A estrutura defensiva foi actualizada face às novas armas. O Castelo de Santa Maria da Feira foi palco para o experimentalismo da nova nobreza nos castelos, ao mesmo tempo que adaptou a estrutura defensiva para a transição das armas de fogo. A mais notável transformação ocorreu na torre de menagem guarnecida por quatro torres com coruchéus cónicos, enquanto os pisos interiores foram providos de lareiras.
A reconversão do Castelo da Feira a partir de meados do século XV levou a que este seja considerado uma das mais extraordinárias obras militares portuguesas da época dos primeiros dispositivos arquitectónicos de adaptação à revolução pirobalística (uso de armas de fogo).
O principal objectivo era evitar que qualquer ponto da fortaleza não pudesse ser protegido por fogo com origem nela, sendo fundamental o papel do tiro lateral. Na barbacã, destaca-se uma torre flanqueante, assegurando a possibilidade do tiro lateral para proteger a porta ogival do recinto. Um aspecto interessante diz respeito aos orifícios abertos nos muros para tiros das bombardas. Eram encimados por troneiras cruzetadas que permitiam ver o horizonte e afinar a pontaria das bombardas. O atirador manuseava as armas de fogo por detrás da muralha onde eram abertos nichos.
A cerca adapta-se, em certa medida, ao traçado medieval. A campanha da segunda metade do século XV dotou-a de ameias preparadas para os trons e para as tradicionais e mortíferas bestas.
CASTELO DE SANTA MARIA DA FEIRA
Construção Século XI
Classificação Monumento Nacional
Horários De 3.ª feira a domingo, incluindo feriados. De Abril a Setembro, das 10h às 12h30 e das 13h30 às 18h30. De Outubro a Março, das 9h às 12h30 e das 13h30 às 17h30. Encerra à 2.ª feira.
Preços 3 EUR; grátis para crianças até aos 5 anos; 1 EUR dos 6 aos 15 anos; 1,50 EUR +65 e cartão jovem.
Contactos: Tel. +351 256 372 248;